Muitas discussões vêm tomando os debates públicos após supostas declarações ou manifestações de cunho nazista, dispara-se a retórica de “luta contra o comunismo” e direita se descontrola mais em torno de se auto definir do que propriamente atuar.
Direita, conservador ou direita conservadora?
Dois polos são identificáveis, permeando a sociedade brasileira.
De um lado, as pessoas que apoiam ou não combatem as mudanças radicais impostas sobre o comportamento das pessoas. Seja pelo controle do discurso (o politicamente correto), as imposições de comportamento vindas da grande imprensa, normalmente rotulada como “respeito” e se estende até a mais completa censura prévia, que vem sendo praticada pelo judiciário brasileiro.
Do outro, um grupo da sociedade que não gosta ou que combate as imposições de mudanças radicais.
O primeiro pode-se chamar de comunismo, globalismo, progressismo ou o que se queira.
O segundo pode-se chamar de direita, conservadorismo, direita conservadora o o que se queira.
A falta de definições ou rótulos claros sobre estes dois movimentos opostos deveria ser uma preocupação meramente acadêmica. Quiçá filosófica. Mas nunca a pauta de comportamento daqueles que se pretendem de um lado ou de outro.
O lado dos chamados revolucionários não se preocupa em ostentar um rótulo claro, pois sustentam suas atuações justamente em suas capacidades de se camuflarem do que desejam, dependendo dos objetivos e dos alvos imediatos.
Podem ser cristãos quando convém. Ou comunistas fanáticos ou patriotas de verde-amarelo, pouco se importam. Avançam incólumes com suas agendas, impondo a forma como querem que pessoas, empresas e instituições se comportem.
Já o lado do combate ou resistência parece estar mais preocupado com definir para si rótulos e bandeiras, enquanto pouco praticam que tenha impacto na realidade que pretendem influenciar.
Debatem sobre quem é o proprietário da direita brasileira ou o melhor representante do conservadorismo ou quem é mais ou menos olavista (em referência ao filósofo e professor Olavo de Carvalho)
Enquanto isso, não constroem um pensamento mínimo que possa, no curto ou médio prazos, resultar em uma agenda de ações práticas de impacto na sociedade e em contraposição aos revolucionários.
A Revolução avança
O discurso do setor revolucionário engana, pois é sedutor com as palavras (respeito, igualdade, luta, racismo, fobias).
Na prática desrespeitam as pessoas ao lhe obrigarem o uso peças de vestimenta, promovem a desigualdade e segregação ao defender minorias separadamente, promovem o racismo contra raças que não defendem e fobias contra aquilo que combatem.
Prometem entregar uma coisa, entregam o mais absoluto contrário e saem como heroicos, pois são julgados pelo que dizem, não pelo que fazem.
Ao pedirem respeito pela opção sexual de um adulto, querem entrar nas escolas e ensinar sobre comportamentos sexuais para crianças, que pela idade, não têm o mínimo de preparo emocional ou psicológico.
Ao exigirem cotas de espaços para grupos de pessoas que, destacadas do contexto geral, formam uma minoria numérica, impõe a segregação de pessoas que não se enquadrem nas definições.
Chega-se a um ponto em que um branco de olhos azuis, morador de rua, acaba sem qualquer direitos ou cotas (sim, existem moradores de rua loiros de olhos azuis, passe a observar).
O objetivo do grupo das mudanças radicais é de aumento de poder político simples e puro e, através deste poder, o aumento de suas influências nos poderes econômicos (grandes empresas) e culturais (meios de comunicação em massa).
O Conservador
Os que se pretendem a combater esta onda de mudanças radicais defendem que as transformações sociais devem ser frutos de movimentos internos e espontâneos, nascidos, maturados e levado ao cabo pelo conjunto da sociedade.
Em um ponto tal de mudanças, o poder legislativo tem legitimidade de fazer as alterações legais que abarquem os novos comportamentos aceitos ou punam os novos comportamentos que se demonstrem manifestamente criminosos ou, em outras palavras, com potencial de causar danos a outrem, sejam de ordem física, psíquica, financeira, etc.
A base de respeito passa a ser pelo ser humano sem distinção por suas propriedades físicas ou opções de vida. Ser humano é ser humano.
A base da igualdade se pauta na busca pela promoção de “igualdade de oportunidades” sobre as quais as pessoas possam se desenvolver nos vários aspectos da vida e não na imposição de uma igualdade numérica de tomada de posições nas áreas da sociedade.
Racismo e fobias de qualquer sorte caem por terra na mesma medida em que o objeto do respeito passa a ser o ser humano. Não há de se respeitar qualquer pessoas mais ou menos por qualquer de seus atributos ou posições sociais.
Não há de se respeitar menos um morador de rua nem há de se chamar de excelência uma pessoa que tem um cargo.
Nestes aspectos, são pessoas que querem ver conservadas suas tradições familiares, sociais, religiosas e, por isso, são chamados de conservadores. O conservador não se opõe a mudança, desde que seja fruto de uma depuração natural dos valores que recebem de gerações anteriores.
Muito menos são reacionários, retrógrados ou acomodados, pois não propõe que conquistas válidas da sociedade sejam canceladas.
Os Conversadores
Ainda do lado de oposição às mudanças radicais estão o que denominam de “conversadores”, como um trocadilho honesto, pois se restringem aos debates infinitos e improdutivos e pouco fazem de concreto na realidade, que reflita o que dizem e que realmente mude o estado das coisas.
Entre os conversadores você encontra desde deputados que surfaram na onda conservadora de 2018, no Brasil, até cidadãos comuns travestidos de gladiadores de redes sociais.
No meio destes, os influenciadores digitais que vivem de curtidas e elogios e, portanto, não podem se pautar em verdades e ações.
César Cremonesi
