A notícia das quedas de Fakhoury (SP) e Neskau (RJ) do PTB nesta quarta (23) é mais um episódio que reforça o clima de instabilidade e insegurança em partidos de direita, que vivem brigas internas e deixam pré-candidatos apreensivos.
Os pré-candidatos têm até o próximo 2 de abril, portanto apenas 37 dias, para decidirem por qual partido terão mais chances de serem eleitos, algo que será inviabilizado no caso de disputas judiciais intermináveis, como se avizinha.
Aos moldes da debacle nas municipais de 2020, a direita caminha desordenada para o que deverá ser uma das mais importantes eleições no Brasil.
PRTB: insegurança e instabilidade
O PRTB também vive este clima, muito embora o conflito não seja tão público. O partido, que não atingirá o quociente eleitoral neste ano – não o fez em 2020 mesmo com o grande Levy Fidélix no comando – agora se vê às voltas com uma disputa interna no partido entre o irmão e a viúva do antigo cacique.
O temor é de uma batalha judicial que dure meses entre liminares conflitantes, mudanças súbitas de comando, queda de acordos e, por fim, a inviabilização do partido para as urnas deste ano.
Candidatos ficarão à deriva, enquanto o Brasil precisa de chapas consistentes de direita.
Para piorar a situação, bons candidatos já desembarcaram, restando ao partido, apenas a esperança de um cargo majoritário, com a candidatura de Janaína Paschoal ao senado.
Os 2 milhões de votos de Janaína em 2018, agora não terão a capacidade de eleger correligionários, através do quociente eleitoral, que só se aplica às eleições proporcionais (deputados estaduais e federais).
PTB: insegurança e falta de transparência
O PTB vive uma disputa no nível nacional, que reverbera por toda estrutura do partido até a base. Com excesso de interposição de processos judiciais, o partido vive a realidade de liminares tão conflitantes que hoje é impossível de se dizer quem é o presidente nacional e os estaduais do partido.
A queda das estaduais de SP e RJ parecem ter sido revertidas, de acordo com pessoas do partido.
Porém não se trata mais de quem é o melhor ou quem é o pior. Trata-se da impossibilidade de se saber quem comanda.
Tomar decisões em um ambiente sabidamente difícil é mais fácil do que tomar decisões em um ambiente de incertezas.
O imbróglio não deverá ser resolvido nos próximos meses, colocando em cheque todo e qualquer acordo que os pr´é-candidatos tenham feito com os líderes do partido à época de suas filiações.
Na política partidária, filiação não significa candidatura. Os candidatos são decididos em uma convenção que é realizada bem após do prazo de troca de partidos. Portanto os preteridos ficam fora das eleições, sem opção por outros quatro anos.
Outrossim, estes acordos normalmente são verbais, baseados em relações de confiança, construídas ao longo de meses ou anos. Um acordo, porém, selado com um presidente estadual de ontem não terá qualquer validade com um presidente estadual de amanhã, principalmente se for alguém desalinhado com o primeiro.
O pior e talvez mais grave e irresponsável no PTB é que o partido não deixa o panorama claro para seus pré-candidatos. Muitos deles sequer sabem dos processos judiciais em andamento, apenas enxergam uma “disputa por redes sociais”.
A nossa estratégia no Brasil 35 foi a de obter exatamente a segurança que os outros partidos não são capazes de dar para uma chapa. Partidos grandes são controlados por caciques, que são os tomadores de decisão.
Partidos pequenos frequentemente são atingidos por instabilidades internas insolúveis no curto prazo.
No Brasil 35 conseguimos a estabilidade do comando, que é FUNDAMENTAL para que um grupo político tenha tranquilidade para trabalhar no que interessa: chapas, estratégias, comunicação, pautas e, posteriormente, as campanhas.
Então o Brasil 35 quer tudo?
Não, nunca e seria impossível. O Brasil 35 terá 94 candidatos à Alesp, porém não terá a capacidade de, sozinho, eleger um número grande de deputados.
Abraham Weintraub é, neste processo, a liderança de todo um movimento em construção, que poderia ser aproveitado por outros partidos como o PTB e o PRTB.
Seriam necessários 6 milhões de votos para que o partido obtivesse 30 das 94 cadeiras, isso apenas se 30 candidatos tiverem mais de 20.000 votos. O partido não tem dinheiro para obter um resultado deste porte em São Paulo.
Nas redes, há um aparente racha entre a direita brasileira, que não é o reflexo da realidade.
A ideia original do Brasil 35, de montar uma das três chapas de SP e, assim, fazer 30% da Alesp em conjunto, agora parece distante e inatingível.
Se a direita brasileira permanecer com pífios 13 ou 15 votos na Alesp, não importa se o govenador é amigo do presidente ou se é conservador ou se é de esquerda. O governo será da maioria da bancada, que será dominada pelo sempre nefasto centrão e pela extrema esquerda de PT e PSOL.
Sobre o Centrão, gravei um podcast que pode ser ouvido aqui.
https://open.spotify.com/episode/1X3yGA2IVlzUy5oZkWjnOM?si=044395a0f41e4419
O tempo está contra todos agora. Faltam 37 dias para a janela se fechar e quem fizer apostas erradas, estará fora do cenário político nacional até 2026.
César Cremonesi
