Nestes dias estava conversando com um amigo sobre as coisas da política, ele, como eu, pessoa que prefere encarar a realidade e, através dela, lidar com as coisas da vida.
A realidade é algo que se impõe. Coisas acontecem, pessoas fazem coisas, tem dia que chove, tem dia que não. Como nós prosperamos na realidade depende de como moldamos nossas reações ao mundo que nos cerca.
Este mundo, que nos cerca, não está aí com a função de nos fazer felizes. Ele simplesmente está. Nós é que estamos nele com o objetivo de sermos felizes, seja lá qual forma que escolhemos para nos definirmos felizes ou tristes.
Charlatães políticos prosperam pois eles se utilizam do artifício de “moldar a realidade” a seus bel-prazeres. Fazem-no de forma sedutora e encantadora o suficiente para que uma grande massa de pessoas os apoiem.
Esta massa está interessada na felicidade que lhes é prometida, ainda que absolutamente tudo no campo da realidade esteja mostrando claramente que tudo continuará muito ruim.
É mais reconfortante, no curto prazo, a escolha pela mentira sedutora do que o encarar da verdade crua. Ser feliz dentro de uma realidade crua demanda muito trabalho.
Os charlatães convencem as massa de que a realidade não é tão ruim. Ou se é, então está ruim para outros também, ou seja, no fim está bom. Ou se não é isso, concordam que está ruim, mas que não é sua culpa.
E, obviamente, te apontam uma opção pior do que ele para te convencer que o ruim de agora, pode ficar pior, ou seja, contente-se com o ruim de agora e seja feliz.
Isso vale para a esquerda, direita, centro, em qualquer lugar do mundo.
Para nós, que preferimos trabalhar para que todos sejam felizes de fato – e não de fingimento – resta um sabor amargo na boca.
Mas a alternativa de nos tornarmos um destes charlatães nos é inadmissível.
CÉSAR CREMONESI
