O Estado das Coisas – Pandemia, Política, Mídia, Economia, BigTechs, Ciência

Neste artigo, pretendo descrever como vejo o estado de coisas, majoritariamente no Brasil, mas também em alguns lugares do mundo. A pandemia trouxe ou estimulou uma miríade de eventos concorrentes na política brasileira e mundial, as economias entram em foco e a mídia, em seu papel de propagandista, passa a atuar como militante política.

BigTechs transformam-se de canais de livre expressão de ideias em mídias, que pautam o debate, instala-se então a cultura do cancelamento, a censura prévia e o estanque do fluxo de ideias e informações.

Como chegamos até aqui não será tópico deste artigo. Em verdade, os eventos que nos trouxeram até aqui merecerão artigos específicos, pois diferentes eventos com diferentes causas e autores contribuíram para o momento atual.

Mais ou menos como em um desastre de avião, os investigadores não procuram o culpado e sim os fatores que contribuíram em conjunto para que o desastre viesse a acontecer.

Acordamos um dia e mudaram o mundo

Acordamos um dia e mudaram o mundo

Photo by naraa .in.ub on Unsplash

O sentimento de indignação explode entre brasileiros e cidadãos do mundo, com a expansão do autoritarismo, supressão de direitos, rasgar de constituições nacionais. Para onde caminhamos?

Minha principal motivação para iniciar a Porphirio aflorou a partir de um sentimento de dever cívico para cria-la. Venho trabalhando este sentimento já há um ano, ponderando se, o fato de que eu tenho capacidades intelectuais e meios materiais para fazer isso, de alguma forma me obriga da fazê-lo.

E se me obriga, qual seria a natureza desta obrigação. Moral? Ética? Religiosa?

Ou não estou sob uma obrigação de qualquer natureza, apenas acho que devo fazer porque quero?

Até o momento em que escrevo estas linhas, confesso que não tenho a resposta para isso ainda.

O fato concreto é que o estado das coisas atualmente está atingindo níveis inaceitáveis legal e moralmente e insuportáveis psicológica e emocionalmente para todas as pessoas que, de forma mais aguda, tiveram suas rotinas de vida arrancadas de si, sob pretextos que já entendemos mentirosos e sem o mínimo vislumbre de um horizonte final.

Entre estas pessoas, distinguem-se particularmente, aquelas que tiveram seus meios de subsistência prejudicados, como micro e pequenos empreendedores, aquelas que perderam seus empregos e aquelas para as quais suas rotinas de vida as alimentavam de vitalidade, estabilidade psíquica e emocional.

Percebo esta indignação generalizada através de conversas informais com as mais diversas pessoas de meu ciclo pessoal e profissional. Sempre provoco aquela conversinha para tentar entender o que o outro está pensando. De empresários a entregadores de marmita, de médicos a frentistas ouço palavrões. Particularmente no Estado de São Paulo, eles vêm acompanhados do nome do governador.

Conforme converso com mais e mais pessoas, percebo que há um entendimento generalizado de que, embora a doença do momento seja séria, requeira cuidados e pode ser potencialmente fatal para os mais vulneráveis, a condução da política de enfrentamento é excessivamente radical no cerceamento de direitos sem apresentar, como contrapartida, uma visível redução no número de casos e mortes, ou seja, resultado palpável. Mensurável. Crível.

Este contrassenso acaba ficando mais e mais visível, mesmo com a forçada manutenção de uma cortina de fumaça criada e alimentada pela mídia. Oras, teremos de acreditar nas mesmas coisas que acreditamos há um ano agora que sabemos que não deram resultados?

Teremos de fazer lockdowns sabendo que eles já não deram certo?

Podemos realmente acreditar que, a partir de um nível de, digamos, 60% da população vacinada, nossas vidas voltarão a ser rigorosamente como antes?

O Estado das coisas

Pandemia do Coronavirus

Photo by Jacek Dylag on Unsplash

O foco de atenção central, como um enredo principal que norteia os demais enredos adjacentes, reside na pandemia do coronavírus.

No momento em que escrevo estas linhas, está em curso o programa de vacinação do governo federal, uma segunda onda de contaminações instalou-se em níveis equiparáveis aos de um ano.

Estados e municípios insistem na redução da mobilidade social como principal forma de redução da taxa de transmissão, os chamados lockdowns (embora eu não tenha apreço por anglicismos).

Este da Universidade de Stanford, demonstrou “ausência de efeitos claros e benefícios significativos no crescimento do número de casos em todos os países”.

Já em outubro do ano passado, o Dr. David Nabarro, da OMS, apelou aos governantes para pararem de “usar lockdown como seu método de controle primário” do vírus da Covid.

O Governo Federal, através do Ministério da Saúde já assinou intenções de compras de 138 milhões de doses, que devem ser entregues até meados deste ano.

Política

O estado de coisas na política brasileira é, sem dúvida, o que tem despertado a indignação e a ira de grande parte da população brasileira.

Já há uma compreensão mais ou menos estabelecida de que muitas das ações relacionadas ao combate da pandemia tem, como plano de fundo, lutas políticas e ideológicas com olhos nas eleições de 2022.

Alguns dos Ministros do Supremo Tribunal Federal passaram a atuar politicamente de forma franca e aberta, como o Ministro Luís Roberto Barroso em debates ao vivo com influenciadores digitais e animadores de auditório. Outros ministros atuam de forma mais discreta, através de entrevistas à grande imprensa.

Talvez possamos localizar o ato inicial desta atuação na decisão da ADPF 672, relatada pelo Min. Alexandre de Moraes, que ao mesmo tempo profere entendimento de corresponsabilidade entre União, Estados e Municípios, mas a União (governo federal) deve respeitar a decisão dos outros (ou seja, tem poder, mas não pode fazer nada).

Com esta decisão, governadores se rearranjaram rapidamente e passaram a ocupar posições de apoio, isenção ou oposição ferrenha de tudo que viesse do governo federal.

Hoje encontramos no governador João Dória (PSDB/SP) o principal opositor ao presidente Jair Bolsonaro. No jogo de cadeiras, uma matilha de cães famintos por poder emerge, de velhos caciques políticos à animadores de auditório.

O presidente Jair Bolsonaro conta com grande apoio popular e é franco candidato à reeleição em 2022, muito embora eu concorde que, com os avanços tecnológicos, já é tempo de adotar um sistema de urna eletrônica que permita a auditoria dos votos em caso de dúvidas nos resultados.

Grande Mídia e Mídias Alternativas

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Para mim, pessoalmente, a entrada formal da grande mídia no campo de batalha das informações se deu em 20 de março de 2020.

Eu assistia à entrevista do então Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, quando ele foi claro em afirmar que se o Brasil não adotasse medidas de enfrentamento da pandemia, ou seja, se ficasse absolutamente inerte sem tomar qualquer tipo de providência, o Sistema Único de Saúde (SUS) entraria em colapso no final do mês seguinte.

Não suficiente, ao abrir das perguntas dos jornalistas e ao ser perguntado sobre, Mandetta foi enfático em afirmar que este colapso se efetivaria no final de abril caso o governo brasileiro não agisse.

Poucos minutos após o final da entrevista, a CNN Brasil estampava em sua manchete: ‘Sistema de saúde entrará em colapso no final de abril’, diz ministro da Saúde.

Começava o jogo sujo da mídia de direcionar narrativas, distorcer falas, manipular informações, ocultar informações em contrário e, ao cabo de poucos meses, estava instalado o clima de mais completo pânico nas mentes e corações dos brasileiros.

“Ganhar corações e mentes” é um conceito de guerra ou conflitos em que um dos lados procura o desfecho da batalha não através da superioridade bélica, mas apelando ao emocional e ao intelecto das pessoas, assim angariando apoio. Funciona bem desde 1895.

Passado meu choque ao presenciar este fato, ao vivo e já com dúvidas crescentes sobre os acontecimentos, provocadas pela enormidade de contradições que eram expostas, passei a buscar informações em outras fontes e a mídia alternativa surge como uma voz de lucidez em meio ao caos que se formava.

Canais como o Terça Livre, PHVox, Radar da Mídia surgem como vozes de oposição ao posicionamento da grande mídia e prosperam, apesar de inúmeros ataques que passaram a sofrer, nas mais diversas frentes e, no momento, sob forte ataque às suas capacidades de financiamento e de alcance.

Minha percepção do caminho que a mídia traçou no Brasil e no mundo até aqui, tratarei em outros artigos mais a frente.

Economia

Embora o Brasil venha demonstrando uma forte resiliência nos números macro econômicos, as micro e pequenas empresas, que hoje são os ganha-pães de milhões de famílias brasileiras, são as mais prejudicadas pelas políticas de enfrentamento da pandemia baseadas em lockdowns.

Escrevo sobre isso no blog de minha consultoria empresarial com um pouco mais de profundidade (e irritação).

Saúde de pequenas empresas definha com restrições eternas e incompetência em São Paulo | Blog de Consultoria Empresarial – César NC (cesarnc.com.br)

A pauta econômica do atual governo brasileiro é muito clara e baseia-se em reformas profundas em estruturas que têm influência direta na capacidade de desenvolvimento do país, seja por investimentos do Estado, seja pelo estímulo à iniciativa privada.

As reformas tributária e administrativa (que poderiam correr em paralelo com privatizações) eram as próximas na fila do pão, quando tudo parou para admirarmos o espetáculo circense da pandemia do coronavirus.

Com espetáculo em andamento ou não, o Brasil precisa retomar estas pautas imediatamente, através do Congresso Nacional, para que se crie já um ambiente econômico cujos frutos nós colheremos em cinco ou dez anos.

Big Techs

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A atuação mais firme e violenta das gigantes da tecnologia, particularmente as conhecidas big four (Twitter, Google, Facebook, Amazon) inicia-se no final de 2020 com uma fortíssima censura a perfis, canais e páginas que divulgassem notícias ou proferissem apoio ao então candidato à reeleição americana Donald J. Trump.

Atualmente elas já simplesmente suspendem ou excluem canais, perfis e até descumprem decisões judiciais no Brasil. As big techs entram no tabuleiro como os mediadores da opinião pública e juntam forças contra a grande mídia na conquista de corações e mentes, sem perceber que estão conseguindo exatamente o contrário, pauta para outros artigos.

Ciência

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É muito difícil falar sobre “o estado das coisas” na ciência. Sua própria natureza de descobrir coisas novas todos os dias dificulta a análise.

Como fator contribuinte ao longo da pandemia, a ciência muitas vezes foi chamada a bailar pelo seu apelo no imaginário das pessoas como algo sério e de credibilidade absoluta.

Esta credibilidade fica questionada na medida em que a ciência de hoje é fortemente financiada por estados e grandes conglomerados em busca de inovações que resultem em lucros.

A ciência estará presente em artigos mais específicos da Porphirio.

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Sobre o Autor

César Cremonesi é engenheiro, empreendedor, consultor de negócios e aluno de Olavo de Carvalho. Fundador da Porphirio, cujo propósito é o de levar conscientização política para a sociedade, com pensamento de direita, que trata os conceitos a partir de sua relação com a estrutura da realidade. Conservador, apoiador de Bolsonaro e dos Valores Permanentes do brasileiro.