Os dados sobre a segunda onda do COVID, que estão motivando as medidas de lockdown de João Dória, demonstram que o número de novos casos é similar aos da primeira onda, porém com uma redução de mais de um terço dos leitos de UTI.
Como um Centro de Contingência criado exatamente para contingenciar este caso específico pôde errar de forma tão absurda?
Realizei um estudo com os dados oficiais do Ministério da Saúde, a partir dos dados brutos em Arquivo CSV e com análise dos dados através do Excel Power Query.

Desta forma, consegui reproduzir o gráfico de incidência de novos casos e de novos óbitos relacionados ao coronavírus, porém especificamente ao Estado de São Paulo inteiro.
Panorama de novos casos, primeira e segunda ondas em São Paulo
O governo paulista baseou todo seu combate à pandemia em um pretensamente científico “Centro de Contingência”, hoje coordenado pelo professor da UNIFESP Paulo Menezes, mas que já contou com diversos coordenadores e que não demonstraram capacidade de contingenciamento desde o início da pandemia.
O pico de novos casos na primeira onda foi atingido na Semana Epidemiológica 33, com 75.809 novos casos. A segunda onda apresentou um máximo de 79.132, ou apenas 4% superior ao pico da primeira onda.
Ou seja, a segunda onda, no que diz respeito ao nível de contaminação, transmissão e novos casos é perfeitamente comparável à primeira, o que nos coloca a questão de por que as medidas de combate, agora, são mais restritivas do que na primeira onda. A resposta vem mais adiante.

Panorama de novos óbitos, primeira e segunda ondas
Já na comparação com número de óbitos em São Paulo, o pico da primeira onda se deu na semana epidemiológica 29, com 1.945 óbitos, contra 2.114 óbitos da semana 10 de 2020. No comparativo, um aumento de 8,6%.
Ou esta nova onda tem uma mortalidade superior ou há um problema quanto ao tratamento dos novos casos, especialmente os que evoluem para estados graves. Eu não tenho capacidade técnica para fazer esta avaliação específica.

Disponibilidade de Leitos COVID em SP
A captação de dados oficias decorreu sem problemas no site do Ministério da Saúde.
Já no site oficial do governo paulista, há uma clara falta de transparência, principalmente na informação da disponibilidade de leitos para tratamento do coronavirus, tanto UTIs como leitos de enfermaria.
O máximo de informação conseguida, veio através de informação indireta, ou seja por notícias da imprensa e por cálculos aproximados baseados nos números de pessoas internadas e porcentagem de ocupação declarada, novamente via imprensa.
Não há informação oficial do Centro de Contingência de São Paulo sobre a disponibilidade total de leitos, tanto de enfermaria, como de UTIs. Sendo assim, a verificação das informações fica prejudicada e causa extrema preocupação sobre o uso político da doença.
Leitos na Primeira Onda no Estado de São Paulo
De acordo com notícia veiculada no site do Governo de São Paulo, em 8 de junho de 2020,
“o número de leitos disponíveis saltou de 3.500 no início da pandemia para mais de 7 mil em razão das entregas de respiradores que tem possibilitado a ampliação da capacidade de atendimento em toda a rede de saúde estadual.”
Ocupação de leitos de UTI apresenta queda no Estado de SP | Governo do Estado de São Paulo (saopaulo.sp.gov.br)
Sendo assim, concluímos que o Estado possuía 3.500 leitos antes de março de 2020 e passou a ter mais de 7.000 antes de 8 de junho, correto?
Leitos na Segunda onda em São Paulo
Já, em 15 de março deste ano, informações sobre ocupação de leitos do Sistema Integrado Inteligente da Secretaria de Saúde de São Paulo, estão disponibilizadas e demonstraram a existência de 5.562 pessoas internadas em leitos de enfermaria e 4.044 em leitos de UTI.
Em outra notícia, encontramos a informação do G1, de que São Paulo atingira 90% de ocupação de leitos de UTI para Covid-19.
Por dedução lógica, chegamos ao número de 4.493 leitos de UTIs no Estado de São Paulo no presente momento.

Em setembro de 2020, portanto apenas 2 meses antes do início do retorno das restrições, o governo Dória fechou o último hospital de campanha para tratamento de covid-19.
Sendo assim, constata-se uma queda monstruosa de 35,8% (mais de um terço) na disponibilidade de leitos para atendimento durante uma pandemia, narrada como mortal pelo Governador João Dória e por seus assessores, secretários e coordenadores de centros de contingência e sistemas de inteligência.

Panorama da Atuação do Governo de São Paulo durante a pandemia

O resultado da compilação de dados de novos casos e dados presumidos de número de leitos em São Paulo, aponta que o governo paulista, assessorado pelo Centro de Contingência do COVID-19 de São Paulo, reduziu o número de leitos após a primeira onda e não reabriu mais leitos desde meados de outubro de 2020, quando já se anunciava a segunda onda.
O colapso do sistema de saúde em São Paulo é resultado da diminuição de 35% do número de leitos em contraposição a uma segunda onda apenas 4% maior que a primeira.
César Cremonesi
Além do estudo da Universidade de Stanford, que relatei neste artigo, a revista Nature divulgou novo estudo demonstrando a ineficácia das medidas de lockdown no combate à pandemia.
Médicos em desespero
No último dia 13 de março de 2021, o vídeo do médico Dr. Davi Rodrigues começou a circular.
Nele o médico pede desesperadamente que se iniciem protocolos de tratamentos iniciais, ou seja, que façam a redução do número de casos que evoluem para o estado grave. Assista:
Médico de Desespera e Implora por Tratamento Precoce (rumble.com)
É momento de medidas decisivas do Ministério Público de São Paulo e em sua ausência, é momento do braço forte do Estado Brasileiro.
