Já está claro que o governo federal apostou no enfraquecimento moral como arma para pacificar sua relação com o STF.
A troca de aliados fortemente compromissados com o combate ao sistema da velha política por membros com fortes históricos de envolvimento no que há de mais sujo no trato da coisa pública resultou em um exército sem moral, sem força e sem compromisso com combate ao que seja.
O entorno do presidente que passou por 2019 e 2020 no trabalho de convencimento de que este movimento era correto agora se vê à frente de um STF cada vez mais agressivo contra o próprio presidente.
Neste momento, o presidente não tem mais aliados de primeira hora. Aqueles que “metem o peito na bala” pela coisa certa. Sobrou-lhe apenas apoiadores, cujas armas são bravatas e lacrações em redes sociais, o que conta como um grande nada para personagens como Alexandre de Morais e Luis Roberto Barroso.
As Forças Armadas ladram como cães nervosos, aqueles que latem porque estão apavorados, não por que se sentem capazes de enfrentar qualquer desconhecido que lhe esteja ameaçando.
Ex-ministros e deputados se veem mais envolvidos com seus projetos eleitorais pessoais e não irão gastar seus tempos enfrentando os que ameaçam o presidente, sob pena de se complicarem.
O PL tem seu projeto eleitoral próprio e não irá despontar como paladino da defesa das liberdades e do presidente.
Ao nivelar-se moralmente com seus inimigos, Bolsonaro terminou atraindo ainda mais a agressividade deles. Quando sentem cheiro de sangue, os tubarões atacam. Não há pacificação possível com tubarões.
CÉSAR CREMONESI
